Surpreendentemente, mesmo numa noite clara pode não ser o melhor momento para fazer observações. A questão aqui é o “seeing”. Em astronomia este é um termo que descreve quão pertubada pela atmosfera, é a visão que você vê através de um telescópio.
Em momentos de bom seeing, você terá imagens nítidas e firmes através de seu telescópio. Mas um mal seeing, produz imagens turbulentas, trêmulas e instáveis da lua, planetas e estrelas. Isto acontece devido às camadas de ar em movimento entre você e o objeto que está observando, cujos efeitos são ampliados pelo seu telescópio. Por outro lado, os objetos do céu profundo como galáxias e nebulosas não são afetados por um mal seeing.
Na atmosfera, o ar em diferentes temperaturas está sempre em movimento e se misturando. A luz viaja através do ar quente e frio em velocidades diferentes por isso é constantemente afetada, dessa forma, chegando ao seu telescópio abalada e agitada. Às vezes, há poucos momentos de estabilidade onde a imagem se mostra firme e estável, causados por uma chamada “janela no céu”.
Para ajudar como determinar o seeing no momento, utilizamos a Escala de Antoniadi como uma medida do que a atmosfera está fazendo. Esta é uma escala de cinco pontos escrita em algarismos romanos, onde temos:
Escala Antoniadi (seeing)
Pontos | Descrição |
I | Perfeito, nenhum movimento da imagem, mesmo em grandes ampliações (100X ou mais) |
II | Tremor leve com momentos de calma que duram vários segundos |
III | Tremor moderado com tremores maiores, embaçamento da imagem |
IV | Fraca e constante ondulação da imagem |
V | Muito ruim, não é capaz de fazer nem mesmo um esboço de imagem |
A Escala de Transparência abaixo, adaptada para ser usada no Hemisfério Sul, ajuda como determinar o a transparência numa escala de 7 pontos.
Pontos | Condição | Descrição | Teste Visual |
0 | Completamente nublado | Possível precipitação de luz | Não há estrelas visíveis |
1 | Muito pobre | Nuvem cobrindo a maior parte do céu | Momentânea claridade no céu |
2 | Pobre | Nuvem irregular ou névoa pesada | α, β Crux visível |
3 | Pouco Claro | Cirrus ou névoa moderada | α, β, γ Crux visível |
4 | Parcialmente Claro | Ligeira névoa | α, β, γ, δ Crux visível |
5 | Limpo | Ausência de nuvens | Via Láctea visível pela visão periférica, α, β, γ, δ, ε crux visível |
6 | Muito Limpo | Ausência de nuvens, pouca interferência do brilho de cidades e pouquíssima poluição luminosa | Via Láctea visível, todas as estrelas do Cruzeiro do Sul, mais a Nebulosa do Saco de Carvão |
7 | Extremamente Limpo | Ausência de nuvens, interferência mínima do brilho de cidades, céu escuro | Aglomerado Omega Centauri e 47 Tucanae visível a olho nú |
Abaixo outra ferramenta de medição muito utilizada por astrônomos amadores é a Escala Pickering que utiliza valores de 1 a 10 para avaliar as condições meteorológicas, sendo 1 o valor mais baixo, descrevendo uma atmosfera muito instável, e 10 o valor máximo de estabilidade. A escala baseia-se na aparência do disco de Airy produzido por um objeto astronômico (normalmente uma estrela), quando visto através de um telescópio.
Pickering 1 Classificação - Muito Pobre
|
|
(1.) A imagem da estrela e 2x o diâmetro do 3° anel de difração - A imagem da estrela é de 13" arco-segundos de diâmetro. | |
Pickering 2 Classificação - Muito Pobre
|
|
(2.) A imagem da estrela ocasionalmente é 2x o diâmtreo do 3° anel de difração. | |
Pickering 3 Classificação - Pobre para Muito Pobre
|
|
(3.) A imagem da estrela possui o mesmo diâmetro do 3° anel de difração (6.7") e com brilho mais intenso no centro. | |
Pickering 4 Classificação - Pobre
|
|
(4.) Disco de Airy é muitas vezes visível, também os arcos dos anéis de difração vez por outra são vistos. | |
Pickering 5 Classificação - Razoável
|
|
(5.) Disco de Airy é sempre visível e os arcos dos anéis de difração agora vistos frequentemente. | |
Pickering 6 Classificação - Razoável para Bom
|
|
(6.) Disco de Airy sempre visível e os arcos de difração menores vistos frequentemente. | |
Pickering 7 Classificação - Bom
|
|
(7.) Discos por vezes nitidamente bem definidos. Anéis de difração vistos como longos arcos ou círculos completos. | |
Pickering 8 Classificação - Bom para Excelente
|
|
(8.) Discos sempre nitídos, bem definidos. Anéis vistos como longos arcos/ círculos completos, sempre em movimento. | |
Pickering 9 Classificação - Excelente
|
|
(9.) Anel de difração interno estável. Os anéis externos ocasionalmente ficam estáveis. | |
Pickering 10 Classificação - Excelente/Perfeito
|
|
(10.) O completo padrão de difração é estável. |
A escala foi desenvolvida por William H. Pickering (1858-1938) com um refrator 5" (130mm).